O BRASIL E A NECESSIDADE DE EXERCER PODER.
Pinto Silva Carlos Alberto[1]
A luta pelo Poder continua real e verdadeira no nosso mundo globalizado.
Poder geopolítico das nações pressupõe potencial econômico, político, e estratégico militar.
Países se movimentam conforme seus interesses e obtém sucesso em função de sua capacidade e vontade de exercer Poder.
O Poder defende o interesse nacional de forma proativa e não reativa. O país que tem Poder exerce, procura aumentá-lo, e influencia os outros países.
No conceito de Poder está subjacente a capacidade de um país de defender seus interesses no campo interno e externo, sendo assim oportuno definir Poder:
- "... capacidade de uma unidade política impor a sua vontade às outras unidades"[2].
- "A capacidade de uma nação para usar os seus recursos, de modo a afetar o comportamento de outras nações"[3].
- Para Max Weber o Poder é a capacidade de obrigar, o que implica a coação. Para Norberto Bobbio o Poder é a capacidade de influenciar, o que implica também meios de persuasão.
- Poder Nacional: "Expressão integrada dos meios de toda a ordem de que dispõe a nação, acionados pela vontade nacional, para alcançar e manter, interna e externamente, os objetivos nacionais"[4].
Nas relações internacionais a função do Poder é fazer prevalecer o interesse nacional de um Estado sobre o dos outros. O que mais importa é a percepção de Poder de uns relativamente a outros. Na coação, limite máximo de utilização de poder, temos o recurso ao uso dos meios militares e, então, para se exercer o Poder é preciso ter Força Militar capacitada, preparada e pronta para o emprego.
O Brasil continua titubeante, parece não saber o que quer, é empurrado por seu potencial, não existe uma vontade continuada de exercer Poder de acordo com sua estatura política, econômica e estratégica.
A América do Sul está dividida, dificultando a busca de convergências políticas, econômicas e de defesa. O Brasil não deve esperar a conjuntura, deve exercer seu Poder para moldar a conjuntura, principalmente na América do Sul, de modo que ela seja favorável aos seus interesses, isto é, definir seus interesses e não permitir que se configure alguma coisa que os ameace.
Há, também, necessidade de o Brasil não perder oportunidades e expandir seu alcance espacial estratégico para além da América do Sul, antecipando e avaliando acontecimentos, e tentando fugir da rotina antiamericana e terceiro mundista adotada por alguns países da América do Sul, o que leva a perder o senso de julgamento para entender a importância do uso do Poder nas tomadas de decisão visando à conquista de seus interesses vitais.
Ao se falar em oportunidades para o Brasil na atual conjuntura, cresce de importância a capacidade de exercer Poder como ator regional e global, e caso nossas elites políticas não entendam que exercer Poder é essencial no mundo moderno, o país perderá grandes chances no grupo das nações em desenvolvimento.
"Os regimes não se mantêm com padre-nossos"[5].
Os Estados não se defendem com exigências de explicações, de pedidos de desculpas, e ou com discursos em organismos internacionais.
"Quando encontrar um espadachim, saque da espada: não recite poemas para quem não é poeta"[6].
[1] Carlos Alberto Pinto Silva / General de Exército da reserva / Ex-comandante do Comando Militar do Oeste, do Comando Militar do Sul, do Comando de Operações Terrestres, Ex-comandante do 2º BIS e da 17ª Bda Inf Sl, Chefe do EM do CMA, Membro da Academia de Defesa e do CEBRES.
[2] Raymond Aron
[3] J. Stoessinger
[4] ESG
[5] Maquiavel
[6] Clássico Budista-Traduzido por Thomas Cleary