PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE UMA DISPUTA PELO PODER.
(Algumas ideias)
Somente por meio de uma completa compreensão da política e do sistema político nacional pode se levar a disputa, com um todo, ou qualquer de suas campanhas, a um fim bem-sucedido. É o momento que, a esse alto nível da "Grande Estratégia", o líder político deve ser, também, estadista.
Quando se pretende concretizar algo, é conveniente e sensato ter um plano. Quanto mais importante for o objetivo a alcançar, ou quanto mais graves forem as consequências do fracasso, mais importante será o planejamento.
"Planejar uma estratégia", para se obter a vitória na contenda política, significa calcular um curso de ação que tornará provável ir da presente situação até uma futura, através do certame político com eleições livres, e com participação relevante da sociedade nas ações.
O planejamento estratégico geral aumenta a probabilidade de se mobilizar e empregar todos os recursos disponíveis, bem como a eficácia da sua utilização.
Infelizmente, muitas vezes a maioria das pessoas não entende a necessidade, ou não está acostumada, ou treinada a pensar estrategicamente, e a formulação de estratégias para a confrontação política pelo Poder exige, ainda, uma criatividade informada[2].
Num projeto político o que se pretende atingir, deve ser considerado ao determinarmos o Centro de Gravidade (CG) visando o Planejamento Estratégico da Campanha. A pergunta que deve ser feita é: O que se quer conseguir, isto é, qual é o objetivo? O seu CG é a essência do que lhe permite atingir esse objetivo, seja de um ou de outro partido.
Portanto, o fim e o que se conquistado permite atingi-lo estão estreitamente vinculados. A população é o "Centro de Gravidade" a ser conquistado e os líderes, as propostas e atividades políticas dos adversários, vulnerabilidade que se atingida possa conduzir ou auxiliar a se ter resultados positivos.
É preciso considerar que na disputa, pela conquista do Poder, entre um governo democraticamente eleito contra uma oposição de esquerda, o objetivo da "Grande Estratégia", não é simplesmente derrotar a oposição, mas desenvolver um sistema democrático e dificultar a ascensão, pela "via pacífica", de um governo socialista.
Para atingir estes objetivos, os meios escolhidos de disputa política pelo "Poder" terão de contribuir para uma mudança na distribuição de "poder efetivo" na atual sociedade, aumentando sua "relevância política".
A população e as instituições da sociedade têm sido muito fracas e demonstrado pouco interesse na participação das disputas políticas, dando força a governo e uma oposição atuante.
Palavras, sons e imagens realizam pouco, exceto sejam as ferramentas de um plano minucioso e de métodos cuidadosamente organizados. Se os planos são bem formulados e faz-se uso deles corretamente, as ideias transmitidas pelas palavras tornam-se parte integrante das próprias populações.
Quando, na democracia, o público é convencido da racionalidade de uma ideia, ele entra em ação (…) [que é] sugerida pela própria ideia, seja ela ideológica, política ou social (…) mas esses resultados não acontecem do nada (…) eles podem ser obtidos principalmente pela "Preservação do Senso Comum", que é a manutenção de valores, tradições, costumes, modo de pensar, conformidade religiosa e social, sentimentos e outros elementos que dão à sociedade coesão interna, consenso e resistência a mudanças ideológicas.
No nível estratégico, vontade do governo e, principalmente do povo, normalmente, são os fatores que decidem uma eleição.
Fontes de consulta:
- Andrew Kkorybko - Guerras Híbridas: A Abordagem Adaptativa Indireta com Vistas à Troca de Regime.
- Da DITADURA à DEMOCRACIA - Uma Estrutura Conceitual para a Libertação (Gene Sharp) - Tradução José A.S. Filardo São Paulo – Brasil
[1] Carlos Alberto Pinto Silva / General de Exército da reserva / Ex-comandante do Comando Militar do Oeste, do Comando Militar do Sul, do Comando de Operações Terrestres, Ex-comandante do 2º BIS e da 17ª Bda Inf Sl, Chefe do EM do CMA, Membro da Academia de Defesa e do CEBRES
[2] Conceito que busca combinar a criatividade com o conhecimento e informações relevantes. Sendo possível gerar soluções inovadoras e criativas para problemas e desafios