REAÇÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA.
CARLOS ALBERTO PINTO SILVA (*)
Diante da corrupção generalizada, nas últimas duas décadas, e ante a
falta de atuação das autoridades constituídas, produto da omissão, de conluios
acontecidos e da impunidade, tem florescido no Brasil a deterioração dos
valores habituais da nossa democracia, com o desrespeito descomedido aos
patrimônios público e privado, e o avanço da corrupção endêmica.
A ausência de reação da
sociedade brasileira deixa a impressão de que ninguém se importa com o que vem
acontecendo no país, e que não existem autoridade e comprometimento dos poderes
constituídos.
É importante ressaltar que o que está ao nosso redor não determina o que
vemos: quem faz isso é o nosso interior, através de paradigmas, experiências,
dogmas e a conjuntura que vivenciamos.
Quem você é determina o que você vê e a forma como você pensa, fala e
age. Sofremos, ainda, uma influência extrema do meio em que vivemos e da personalidade
e do comportamento das pessoas que nos cercam. Daí dois questionamentos:
Como o seu grupo social está enxergando o Brasil hoje?
E os demais grupos da sociedade brasileira como estão enxergando o Brasil
hoje?
O que não já faz parte do nosso interior ou do interior do nosso grupo
não nos perturba. Quando as pessoas se sentem atingidas de alguma forma e
revidam, é porque algo repercutiu em seu interior ou no interior do seu grupo.
Então o que fazer para que a sociedade brasileira deixe a letargia com
que se habituou a conviver com as questões nacionais e se sinta atingida pelo
atual momento político, econômico e social do país?
Somente fazendo os fatos repercutirem no
interior da nossa sociedade, e não fora dela, haverá uma reação.
Quando a sociedade esta satisfeita, raramente surge suficiente motivação
para mudar. Muitas vezes não há se quer um imperativo de mudança percebido e as
pessoas costumam ficar tão profundamente voltadas para suas necessidades que
não se elevam acima dos seus interesses próprios, esquecendo-se das suas
responsabilidades sociais e políticas.
O limite entre a resistência e a concordância com a transformação (Reação) social e política necessária pode ser mais
tênue do que se parece.
A atividade política marcada pela relação sociedade, partidos políticos,
executivo e legislativo da mostra de estar chegando ao fim, a lógica política
vem sendo superada pela ação crítica da sociedade através das redes de
informação e sociais (A moderna propaganda boca a boca) que não respeitam limites
ou hierarquias, e avançam numa velocidade que o Estado não consegue acompanhar
e dar respostas apropriadas.
Observa-se, na atual conjuntura brasileira, a presença de um Ponto de Ruptura (Falta de ética na
política, má gestão e corrupção generalizada), que possibilita uma Transformação (Reação) que faça com que
uma mudança (Social, política e ética), radical, seja esperada, e com o passar
do tempo aconteça e vire numa certeza para nossa sociedade.
Os
Pontos de Ruptura são momentos de grande sensibilidade da vida Nacional.
Devemos acreditar que, na maioria das vezes, uma situação ou um momento
especifico (Ponto de Ruptura) acontece para reunir pessoas respeitáveis que
acreditam na Defesa do Estado Democrático de Direito, da Ética, e da Honestidade
na vida pública.
O Ponto de Ruptura desafia a sociedade brasileira a ver, pensar, agir,
se indignar, e a reagir.
A reação tem que começar em algum lugar e de
alguma forma, não fique
apenas no previsível, se formos iguais manteremos a rotina política e social de
sempre, e jamais daremos o grande salto político e social que o Brasil precisa.
(*)General-de-exército
da reserva, ex-comandante de Operações Terrestres (COTer), do Comando Militar
do Sul (CMS), do Comando Militar do Oeste (CMO), e Membro da Academia
Brasileira de Defesa.
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