Bourdieu, Pierre[1].
"O autor avisa a seus interlocutores que ao falar dessas condições excepcionais já diz algo sobre as próprias condições em que se fala na televisão. A partir daí, critica não somente aqueles que fazem a televisão, mas aqueles que aceitam participar dela, como cientistas, pesquisadores, escritores e os próprios jornalistas. Para ele, trata-se de "se fazer ver e ser visto" na televisão, "uma espécie de espelho de Narciso"."
Ao abordar os constrangimentos inerentes ao campo jornalístico, impostos a jornalistas, convidados e, pode-se pensar, aos espectadores ou leitores dos meios de comunicação, Bourdieu na verdade discute "uma censura invisível" que permeia a atividade jornalística.
O "espelho de Narciso" torna-se, assim, um instrumento "pouco autônomo", limitado pelas "relações sociais entre os jornalistas, relações de concorrência encarniçada [...], que são também relações de conivência, de cumplicidade objetiva"
Bourdieu diz, ainda, "que a televisão, em busca de audiência, expõe a um grande perigo não só as diferentes esferas de produção cultural como também a política e a democracia, e espera que aquilo "que poderia ter se tornado um extraordinário instrumento de democracia direta não se converta em instrumento de opressão simbólica".
"Dentre os debates televisivos, Bourdieu destaca dois tipos, denominando-os como os "verdadeiramente falsos" e os "falsamente verdadeiros". O primeiro caso ocorre quando os debatedores são, claramente, amigos e convivem no dia a dia. No segundo caso, o autor destaca a arbitrariedade e o poder inserido nas mãos do apresentador e mediador, que é o responsável por distribuir a palavra, tempos e sinais de importância".
Uma visão mais aprofundada do desenrolar da Pandemia do Covid 19, com uma análise mais circunstanciada do problema e uma observação insuspeita das ações e fatos divulgados verifica-se que a imprensa, principalmente a televisada, tentou colocar no governo toda a responsabilidade dos desacertos, e ainda criar um temor pouco justificável na população, com o possível "caos na saúde".
Este fato, muito explorado, transformou-se em grande desgaste político para as autoridades e para o país num momento de crise, reforçando a ideia de que a mídia pode ter privilegiado as notícias mais terríveis e críticas em detrimento da discussão esclarecida dos problemas, principalmente da corrupção e da politização ao combate da pandemia, que cobrou muitas vidas de brasileiros.
[1] - BOURDIEU, Pierre. 1997. Sobre a Televisão - Seguido de A Influência do Jornalismo e Os Jogos Olímpicos (tradução de Maria Lúcia Machado). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor. 143 pp. Silvia Nogueira - Mestre, PPGAS-MN-UFRJ. https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-93131999000100009&script=sci_arttext&tlng=pt
- Fichamento do livro "Sobre a Televisão", de Pierre Bourdieu - Escrito por: Marcos Mariani Casadore - Setembro/2010. https://psicologado.com.br/resenhas/fichamento-do-livro-sobre-a-televisao-de-pierre-bourdieu
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