A Espada
de Dâmocles
(Gen
Maynard Marques de Santa Rosa)
Neste
2º turno de 2022, a alegoria volta à cena para retratar o momento da confirmação
do voto, quando o eleitor terá o comando do fio que sustenta a espada. A opção
suicida é o gatilho da insensatez que pode desabar sobre toda a sociedade.
Foram
notórios os desmandos de quatro gestões petistas sucessivas. Somente de
propinas da Petrobrás, o prejuízo foi de R$ 6,2 bilhões, pelo balanço anual de
2014. A cifra total dos negócios ilícitos é imensurável, mas os R$ 25 bilhões
que foram reconhecidos pelos réus e devolvidos em acordos de leniência podem
servir de base para uma estimativa. Assim como no caso do “petrolão”, não é
possível apagar escândalos da magnitude do “mensalão” e dos fundos de pensão.
A
candidatura do postulante petista é claramente ilegítima, o que compromete a
sua eventual governabilidade. Condenado por unanimidade em três instâncias
judiciais, ela é moralmente inválida nos termos da lei da ficha limpa. O
sofisma que justificou a anulação dos processos, fazendo prevalecer o trâmite
sobre o mérito comprovado, é subterfúgio que afronta o bom-senso de qualquer
inteligência mediana, porque sobrepõe o interesse partidário ao interesse
público, em flagrante violação da ética forense. Apesar do apoio da elite
engajada, nenhum cidadão de boa-fé consegue assimilar o fato, sem violentar a
própria consciência.
No
Brasil, boa parte das elites sofre de esquerdismo atávico. Levas de
intelectuais, jornalistas, artistas e até banqueiros empunham bandeiras
socialistas. O sociólogo Gilberto Freyre viu a explicação no sentimento de
culpa pelos 350 anos de escravidão. O trauma escravagista teria impregnado o
inconsciente coletivo, gerando leniência nas elites, “coitadismo” nos segmentos
mais carentes e baixa autoestima no conjunto da sociedade. Outra versão vai da
hipocrisia consciente à alienação inconsciente, como nos saraus da nobreza
parisiense do século XVIII, onde se brindava à revolução, ignorando a ameaça da
guilhotina iminente.
Portanto,
a eleição de 30 de outubro não oferece escolha. Optar pela impunidade, é como
entregar um cheque em branco a quem não merece crédito. O resultado político da
opção errada pode variar da indiferença à revolta, mas o cenário final é certo:
desmando institucionalizado, crise econômica e conflito social.
Quando a
falta de isenção coloca sob suspeita a própria justiça eleitoral, resta manter
a esperança na “voz do povo”, que, como diz a sabedoria popular, representa “a
voz de Deus”, para que se livre o Brasil de um risco fatal previsível.
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